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terça-feira, 8 de novembro de 2011

CONHECIMENTO NA DESGRAÇA

CapaCONHECIMENTO NA DESGRAÇA - ENSAIO SOBRE A EPISTEMOLOGIA PASCALIANA.




"Como é possível, segundo a filosofia teológica de Blaise Pascal, para o ser decaído em desgraça produzir conhecimento experimental dentro de certos critérios da consistência?
Luíz Filipe Pondé

5 comentários:

Arlindo Nascimento Rocha disse...

Para Descartes, o pensamento constitui a natureza do homem e constitui um critério para fundamentar a certeza dos seus conhecimentos. A partir do Cogito, as preposições podem encadear-se umas após as outras, pois a sua certeza é garantida por este.
Ainda que Pascal reconheça o pensamento como o princípio de grandeza no homem, o pensamento não pode fundamentar no Cogito, o homem não pode definir, nem encontrar nenhuma certeza das proposições por causa de ferida que o pecado original infligiu a sua natureza. Para Pascal o fundamento do conhecimento está para sempre perdido. Todos os conhecimentos só poderão ser apenas prováveis...

Arlindo Nascimento Rocha disse...

segunda comparação:
Segundo descarte deve haver uma ciência universal, que explica tudo o que se pode buscar no que concerne à ordem e à medida. Essa ciência só pode ser a matemática, tendo em conta que permite compreender a integralidade das leis.
Para Pascal, não pode haver um modelo único de conhecimento, universalmente válido, como propõe Descartes. Para Pascal não existe um método único, porque a natureza não tem uma ordem perfeita, ao passo que Descartes tinha proposto essa ordem, para depois definir um método proporcional. Isso não quer dizer, que para Pascal Não exista nenhuma ordem, de facto existe uma, que é a geometria, mas, ela não pode remontar às causa primeiras, até aos princípios do conhecimento. ela permite apenas estabelecer e conhecer as relações que os homens fixaram entre palavras e coisas...

Arlindo Nascimento Rocha disse...

Nos dois comentários acima tentei sintetizar alguns aspectos em que Pascal se demarca de Descartes no que tange ao conhecimento, para que possamos responder a questão inicial. Mas essa controvérsia não se restringe somente a esses dois itens, podemos ainda, citar mais alguns aspectos a ter em conta:
Ao contrário de Descartes, que procede por deduções, Pascal privilegia o método indutivo; mais ainda, contrariamente a Descartes que propõe um método único e universal para se chegar ao conhecimento, Pascal propõe um pluralismo metodológico, o que quer dizer que, para cada situação ou problemas haverá um método específico. Outro aspecto no qual Pascal se distancia de Descartes, é a questão da matematização de objectos que escapam à percepção do sentimento natural, tais como o acaso, o infinito, ou o vácuo...

Arlindo Nascimento Rocha disse...

Os problemas da incompletude do conhecimento em Pascal, foi colocada de forma bastante original. Ele recorre a Antropologia católica, do pecado original “Santo Agostinho” , para justificar essa insuficiência. Na Antropologia agostiniana, pascal localiza no interior da vontade, uma determinação má, contrária a razão, e que dirige sempre no rumo ditado pela concupiscência.
Para Pascal, Deus retirou-se para sempre do mundo, e nenhum esforço do homem pode causar-lhe o retorno. Nesse caso, e segundo Pascal estás perdido o fundamento para o conhecimento verdadeiro e convincente. Tudo o que o homem consegue alcançar é um conhecimento contingente, provisório, ou seja, o homem está encurralado num provincianismo cognitivo…

Anónimo disse...

Perfeita a sua análise!

JOJ