Saiba da história por trás da capa do meu
livro “Blaise Pascal: o caniço pensante”
A tela "Jacqueline de mãos cruzadas" (1954), do pintor espanhol Pablo Ruiz Picasso, mais conhecido como Pablo Picasso (1881-1973) é uma pintura a óleo sobre tela (116x88), e encontra-se atualmente no Museu de Paris.
A jovem Jacqueline Roque foi a segunda e última esposa de Picasso. Eles se conheceram em 1953 e casaram-se em em 1961, após o falecimento de Olga Koklova (1955), a primeira esposa do pintor.
No entanto, as primeiras imagens de Jacqueline apareceram nas pinturas do Picasso em 1954, um ano depois de terem conhecido e antes da morte da esposa Olga.
Quando conheceram, Jacqueline tinha 27 anos e Picasso 72. Essa diferença de idade, certamente, fez com que Picasso a retratasse centenas de vezes, na tentativa de entendê-la/descrevê-la através de sua percepção. Por isso, ela foi a mais retratada, ficando atrás apenas da modelo francesa, Marie-hérèse Walter.
A pintura retrata a imagem enigmática de Jacqueline sentada no chão, em posição de esfinge, supostamente, em um ambiente doméstico com os dedos entrelaçados e os braços cruzados enlaçando os joelhos.
Seu pescoço longo em forma de coluna (sinônimo de segurança e solidez), sustenta sua cabeça onde é possível identificar traços bem característicos: nariz longo e reto, olhar fixo e vigilante, rosto compenetrado, absolutamente alheia ao que acontece ao redor.
O casamente de Picasso com Jacqueline durou apenas 11 anos. Por ter aproximadamente metade da idade de marido, ela, certamente, foi seu pilar nos últimos anos, pois, zelava por sua saúde e intimidade criativa, protegendo-o do assédio midiático da época tendo em conta sua fama como pintor e escultor.
O que Jacqueline de mãos cruzadas de Picasso, tem que ver com o "Caniço Pensante" de Pascal?
O olhar fixo e compenetrado é característico de pessoas que fazem do pensamento e da reflexão um exercício constante, o que é sinônimo de grandeza, pois, segundo Pascal, o pensamento faz a grandeza do homem.
No entanto, é através desse ato que o homem também é capaz de contemplar seus limites e reconhecer que, apesar da sua grandeza, está prenhe de misérias e fraquezas inerentes a própria condição humana.
Isso nos coloca em um
cenário onde todos deveriam se reconhecer como “caniços pensantes” – grandes
pelo pensamento, porém, fracos pela vulnerabilidade existencial, pois, somos
os seres mais fracos da natureza.
Tão facos que
podemos, segundo Pascal, ser esmagados por uma um vapor, uma gota de água. Mas,
mesmo que sejamos esmagados, seremos mais nobres, exatamente por sabermos algo
que o que nos esmaga, ignora.
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