Luís Filipe Pndé
Luis Felipe Pondé é filósofo e psicanalista, doutorado em Filosofia pela USP/Universidade de Paris e pós-doutorado em Epistemologia pela Universidade de Tel Aviv. Atuou como professor convidado nas universidades de Marburg (Alemanha) e de Sevilha (Espanha). Atualmente é professor do programa de pós-graduação em Ciências da Religião e do Departamento de Teologia da PUC-SP, da Faculdade de Comunicação da Faap (Fundação Armando Alvares Penteado) e professor convidado da pós-graduação de ensino em ciências da saúde da Universidade Federal de São Paulo e da Casa do Saber. Autor, entre outros títulos, de “O Homem Insuficiente”, “Crítica e Profecia”, “Filosofia da Religião em Dostoievski”, “Conhecimento na Desgraça” e “Ensaios de Filosofia da Religião”. É articulista da Folha de S. Paulo, com coluna semanal às segundas-feiras.
O homem insuficiente: comentários de antropologia pascaliana.
[...] Na origem da antropologia pascaliano, a insuficiência representa essencialmente a ideia de que o conceito de natureza suficiente é inconsistente para iluminar a realidade humana... "O livro em questão é um esforço de crítica das ideias de suficiência e eficiência absolutas, do ponto de vista da antropologia pascaliana. Pascal sintetizou toda herança agostiniana do livre-arbítrio e acertou contas teóricas com o pensamento de Lutero acerca do servo arbítrio. A obra do Pondé cuida do filósofo católico-jansenista, preocupado com os destinos do humanismo sem Deus. Para o homem que temia os espaços infinitos, o humanismo renascentista seria uma farsa do que se passara ao final da Antiguidade. Naquele tempo, Agostinho retomou a dupla tradição cristã, intelectual e espiritual e fundou o ideal de cultura cristã, calcado no dístico “crer e compreender”, assimilado de Isaías. Pascal, por sua vez, retoma Agostinho: “crer” é dom gratuito de Deus, “compreender” a fé e a graça deve-se ao esforço racional... A natureza humana é má, donde todo determinismo ser mau; o bem, ao contrário, é transcendente... O reconhecimento da insuficiência como desgraça abre a percepção de que o homem é um ser sobrenatural, um animal de transcendência, que anseia por Deus. O viés positivo emerge do reconhecimento da insuficiência do animal transcendente. Idéia que se encontra disseminada ao longo da obra".... Estratos de um comentários de Antonio José Romera Valverde Professor do Departamento de Fundamentos Sociais e Jurídicos
Conhecimento na desgraça
Blaise Pascal (1632-1662), autor de Pensées, um dos clássicos da literatura francesa, é conhecido por múltiplas qualidades: filósofo, teólogo, físico e geômetra. Ao longo deste livro, Pondé explora aspectos bastante importantes de sua obra: o reconhecimento dos limites da razão e o lugar da ciência num mundo que, do ponto de vista da filosofia teológica pascaliana, caiu em desgraça. Pondé entrega-se à reflexão em diferentes campos do conhecimento ao discutir a obra de Pascal, atentando para as colocações antropológicas, epistemológicas e teológicas nela presentes, permitindo ao leitor a compreensão em toda a sua atualidade. Todos aqueles que buscam um referencial sólido para esses debates encontrarão em Conhecimento na Desgraça uma perspectiva instigante, a qual possibilita a abordagem da Ciência, do Conhecimento e da idéia de Natureza de maneira crítica e refinada, tanto por meio dos argumentos pascalianos como pelos comentários de Pondé, que contribui pra a formação de uma visão crítica de mundo.
Henri Gouhier
Foi estudante da Ecole Normale Superieure, graduou-se na Ecole Pratique des Hautes Etudes , Seção de Ciências Religiosas, e Doutor em Letras. Ele foi professor de filosofia na faculdade de Troyes , na Faculdade de Letras da Universidade de Lille, em Bordeaux em nas Universidades de Genebra e Roma .Ele foi eleito membro da Academia de Ciências Morais e Políticas , membro associado da Academia Real da Bélgica, membro da Academia Francesa , membro estrangeiro da Nazionale Accademia dei Lincei , membro, correspondente da Real Academia de Ciências Morais e Políticas em Madri, em 1989. No campo da filosofia, Henri Gouhier foi principalmente dedicado à filosofia francesa de Descartes e Bergson.
Jacques Attali
Nascido no dia 01 de novembro de 1943 em Argel, Argélia francesa, é economista, escritor e funcionário público. Ex-secessor do Presidente Mitterrand e primeiro presidente do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento, fundou a organização sem fins lucrativas, Finanças PlaNet e foi nomeado presidente da comissão para a libertação do Crescimento económico francês. Ele publicou mais de cinquenta livros, incluindo romances e ensaios. Ele pertence ao tops 100 intelectuais públicos do mundo, de acordo com a revista Foreign Policy (maio / junho 2008).
Pierre Boudieu
Nasceu na região de Béan, França, em 1930; Morreu na noite do dia 23 de Janeiro, num hospital de Paris, em conseqüência de um cancro, aos 71 anos de idade; Catedrático de sociologia no Colége de France; Foi diretor da revista Actes de la Recherche em Sciences sociales, diretor da École des Hautes Études em Sciences Sociales; A educação, a cultura, a literatura e a arte foram os seus primeiros objetos de estudo; Estudou por fim os meios de comunicação e a política. Começou a produzir, de maneira relevante em a partir de 1964 e é considerado um dos sociólogos mais influentes de sua época. Desenvolveu, ao longo de sua vida, mais de trezentos trabalhos abordando a questão da dominação, e é, sem dúvida, um dos autores mais lidos, em todo mundo, nos campos da Antropologia e Sociologia. Escreveu não só sobre a sociedade européia, as também sobre a Argélia e a sociedade cabila. Sua discussão sociológica centralizou-se, ao longo de sua obra, na tarefa de desvendar os mecanismos da reprodução social que legitimam as diversas formas de dominação. Criou diversos conceitos e um vocabulário todo próprio para explicitar seus pensamentos.Um dos principais alvos de crítica de Bourdieu, nos seus últimos anos de vida, foram os meios de comunicação, que estariam, segundo ele, cada vez mais submetidos a uma lógica comercial inimiga da palavra, da verdade e dos significados reais da vida.
Obras principais:
Liber 1, A miséria do mundo; O poder simbólico; As regras da arte; Ofício de Sociólogo; A dominação masculina; Contrafogos; Meditações Pascalianas; Contra fogos 2; Produção da Crença; Os usos sociais da ciência; Coisas ditas; A economia das trocas simbólicas; Esboço de auto-análise; Sobre a televisão; O amor pela arte; Um convite a sociologia reflexiva.
Meditações pascalinas
Até que ponto os filósofos podem efetivamente se retirar da sociedade em que vivem e analisar o mundo sem nele viver? Essa é uma das questões que Pierre Bourdieu propõe em seu mais recente livro. Em Meditações Pascalianas, o antropólogo e sociólogo aponta as falhas do pensamento escolástico, encerrado entre os muros da universidade e portanto incapaz de ver o que há do lado de fora, o que, para os filósofos - na opinião de Bourdieu -, não faz a menor diferença, pois todas as respostas podem ser encontradas ali dentro. A pergunta central que Bourdieu faz a si mesmo e ao leitor neste livro é: "Como evitar sucumbir a tamanho sonho de onipotência?" Através de uma análise implacável do sistema acadêmico, ele oferece, antes de tudo, uma reflexão sobre os limites do pensamento e demonstra sua preocupação com o exercício da atividade filosófica, que leva muitos pensadores a ultrapassar os limites de sua experiência social. Para Bourdieu, longe de ser uma ousadia ou inovação, esse rompimento de limites constitui uma espécie de fuga da realidade, um isolamento na torre de marfim que é a academia e uma desqualificação de toda cultura que não pertença ao universo escolástico. Em última análise, Bourdieu propõe, em Meditações Pascalianas, que os filósofos exerçam seus poderes intelectuais dentro da ordem social - não fora dela, como meros observadores - e que dessa maneira possam atuar na sociedade.
Tradução Sergio Miceli
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