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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

PASCAL " O homem está dividido dentro de si mesmo"


Diz o Eclesiastes que "o coração dos homens está cheio de maldade e de loucura durante toda a vida" (Ec 9.3). Pascal sabia muito bem disso! Quem não se conhece cheio de soberba, de ambição, de concupiscência, de fraqueza e de injustiça é bastante cego. Precisamos baixar os olhos para a terra para nos vermos como míseros vermes, e olhar para as feras das quais somos companheiros.

Hoje o homem se tornou semelhante aos animais, num tal afastamento de Deus que apenas lhe resta uma luz confusa de seu Criador. A encarnação de Jesus mostra ao homem a grandeza de sua miséria pela grandeza do remédio que ele precisa.

Existe uma guerra interior no homem, entre a razão e as paixões. Sem a razão haveria só paixão. Mas existem uma e outra e elas não podem existir sem guerra. O homem está dividido dentro de si mesmo.

Os inimigos dos homens não são as drogas, o álcool, mas as suas paixões. Poucos falam humildemente sobre humildade. Somos mentirosos, temos duas caras e vivemos sob disfarces na tentativa de ocultar dos outros o que realmente somos.

Como o coração do homem é oco e cheio de baixeza! Se o homem se eleva, eu o rebaixo; se ele se abaixa, eu o levanto e o contradigo sempre até que ele se compenetre de que é um monstro incompreensível. Sem a graça de Deus o homem não é senão um sujeito cheio de erros inapagáveis.

Nós não somos senão mentiras, duplicidades, contrariedades. Nós nos escondemos e nos destruímos a nós mesmos. Somos tão presunçosos que gostaríamos de ser conhecidos em toda a Terra e também daqueles que virão quando não estivermos mais aqui. Somos tão vaidosos que a estima que nos rodeia nos ilude e nos deixa contentes.

Nascemos injustos e depravados. Estamos cheios de concupiscências; portanto, cheios de mal. Assim, deveríamos odiar a nós mesmos e a tudo o que nos excita a outro vínculo que não seja somente Deus.
Perdemo-nos nos vícios e não vemos mais a virtude.

http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/330/pascal-o-homem-esta-dividido-dentro-de-si-mesmo

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A IMPORTÂNCIA DO ACREDITAR




A perda da Fé é uma das coisas mais comum hoje em dia. E quando digo perda de Fé não falo apenas de deixar de acreditar em Deus, mas em deixar de acreditar, seja no que for. Desde acreditar que um amigo ou amiga vai cumprir o que promete, a acreditar que alguém vai conseguir sobreviver a uma doença.

A sociedade de hoje é cética em relação a tudo (hoje em dia também existe mais mentira). Vivemos no mundo da tecnologia e da ciência. "A razão explica tudo...", de maneira que ter Fé é lago que considerado pelas pessoas do nosso tempo é digno de um analfabeto.

Enquanto muitos abandonam o cristianismo, perdem a fé, o matemático, filosofo e teólogo Blaise Pascal, fez o caminho inverso e tornou-se um dos pensadores da modernidade mais apaixonados pelo cristianismo.

O cristianismo esteve muitas vezes na iminência de ser destruído. Em todas as vezes que corria esse perigo, Deus o levantava com o seu poder e com a ajuda e a militância dos que acreditam e buscam na fé um refúgio seguro, para todos os seus males e para todos os males da humanidade em crescente desmoronamento, pela perda de valores e da fé em Deus.

O cristianismo ordena ao homem que reconheça o quanto é vil e abominável e, ao mesmo tempo, gera nele o desejo de ser semelhante a Deus. Salvo o cristianismo, nenhuma religião ensina que o homem nasce em pecado. Nenhuma escola filosófica o afirma. Nenhuma, pois, diz a verdade.

O cristianismo consiste propriamente no mistério do Redentor, que reuniu em si as duas naturezas, a divina e a humana, e tirou os homens da corrupção dos pecados para reconciliá-los com Deus em sua pessoa divina.

Com a perda da Fé, ou melhor, do ato de não acreditar, vem a perda da esperança. E isto de perder a esperança não é algo que se deva encarar com animo leve, pois ela é o motor de muitas das nossas decisões.

A antiga expressão “a esperança é ultima a morrer." está a entrar em desuso. Num mundo em que cada vez existem mais cépticos tudo o que não tem provas deixa de ser plausível, dando origem à falta de valores.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

DESCARTES E PASCAL

Dois racionalistas, duas vertentes diferentes.

Frans Hals - Portret van René Descartes.jpg
Descartes é um filósofo de grande importância na formação do pensamento Moderno e na formação da própria Ciência Moderna. Começa por duvidar de tudo, dos sentidos, que são enganadores, formulando o racionalismo. 
O método proposto, consistia da filtragem de todas as suas ideias, eliminando aquelas que não se afigurassem como verdadeiras e fossem dúbias, e apenas retendo as ideias que não suscitavam qualquer tipo de dúvida.

Segundo Descartes, devemos duvidar de tudo,  e por duvidar de tudo (Dúvida metódica), instrumento metodológico para chegar à verdades absolutas,  acaba por formular o princípio “Cogito, ergo sum” Porque duvidando de tudo acaba por não poder duvidar de que estava duvidando e estando duvidando ele sabia que estava pensando e assim formula o famoso “Penso, logo existo.” Para Descartes, essa seria uma verdade absolutamente firme, certa e segura, que, por isso mesmo, deveria ser adotada como princípio básico de toda sua filosofia. Era sua base, seu novo centro, seu ponto fixo.

Descartes, desenvolve todo um método dividido em quatro passos: intuição, análise, síntese e enumeração completa. Primeira regra é a evidência: “só aceitar aquilo que aparecer como evidente e tão somente aquilo que é evidente”. A segunda é a regra da análise: "dividir cada uma das dificuldades em tantas parcelas quantas forem possíveis". Na prática da nossa vida esta regra pode ser também observada ao analisar os elementos de uma determinada situação a ser resolvida. A terceira é a regra da síntese: "concluir por ordem meus pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer para, aos poucos, ascender, como que por meio de degraus, aos mais complexos". Sempre partindo do mais fácil para o mais difícil para poder numa ordem poder ir indo progressivamente em direção a uma realidade mais complexa. A última é a dos "desmembramentos tão complexos... a ponto de estar certo de nada ter omitido". Ou seja, revisar todos os elementos para não restar nenhuma dúvida.

Já Blaise Pascal é um filósofo da modernidade que procurou estabelecer uma defesa da existência de Deus argumentando na aposta. Não podemos provar se Deus existe, mas mesmo assim devemos apostar na sua existência.

Pascal diz que nada perderemos se apostar na existência de Deus, se Ele existir teremos ganhado tudo; caso não exista teremos vivido bem. Pascal também é o filósofo que afirma que “o coração tem razões que a própria razão desconhece”, desse modo podemos afirmar a importância não apenas da racionalidade, mas também da dimensão da educação na dimensão afetiva.

Portanto, se para Descartes o pensamento surge como fundamento da própria existência humana em Pascal é feita uma crítica ao pensamento cartesiano tido como “geométrico”. Pascal propõe o espírito de finura, defendendo a dimensão afetiva do ser humano. Quando olhamos a atualidade e a prática da vida podemos nos perguntar se nas nossas decisões seguimos o coração ou a razão? Ou se dois são contraditórios, sendo contraditórios eles serão ou não complementares? O coração símbolo das nossas emoções deve ser tomado em consideração ou devemos ser frios nas nossas decisões?

Parece-nos oportuno integrar o coração e a razão a fim de estarmos realizando a nossa vida de maneira efetiva para nos realizarmos como pessoas humanas.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A MISÉRIA DO DIVERTIMENTO



Se o homem fosse feliz, sê-lo-ia tanto mais quanto menos divertido, como os Santos e Deus. - Sim; mas não sendo feliz pode animar-se pelo divertimento? - Não; porque vem doutro sítio e de fora; e assim é dependente e, portanto, sujeito a ser perturbado por mil acidentes que tornam as aflições inevitáveis. 
(...) A única coisa que nos consola das nossas misérias é o divertimento, e contudo é a maior das nossas misérias. Porque é isto que nos impede principalmente de pensar em nós, e que nos faz perder insensivelmente. Sem isso, estaríamos no tédio, e este tédio levava-nos a procurar um meio mais sólido de sair dele. Mas o divertimento distrai-nos e faz-nos chegar insensivelmente à morte. 
Blaise Pascal, in "Pensamentos"