Se o homem fosse feliz,
sê-lo-ia tanto mais quanto menos divertido, como os Santos e Deus. - Sim; mas
não sendo feliz pode animar-se pelo divertimento? - Não; porque vem doutro
sítio e de fora; e assim é dependente e, portanto, sujeito a ser perturbado por
mil acidentes que tornam as aflições inevitáveis.
(...) A única coisa que
nos consola das nossas misérias é o divertimento, e contudo é a maior das
nossas misérias. Porque é isto que nos impede principalmente de pensar em nós,
e que nos faz perder insensivelmente. Sem isso, estaríamos no tédio, e este tédio
levava-nos a procurar um meio mais sólido de sair dele. Mas o divertimento
distrai-nos e faz-nos chegar insensivelmente à morte.
Blaise Pascal, in
"Pensamentos"
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