Primeiro
mistério: o estado glorioso de Adão.
No fragmento 431 dos Pensamentos Pascal faz uma análise do pecado original e algumas de suas consequências. Tais consequências que pretendemos sublinhar agora apresenta-se como três mistérios.
No fragmento 431 dos Pensamentos Pascal faz uma análise do pecado original e algumas de suas consequências. Tais consequências que pretendemos sublinhar agora apresenta-se como três mistérios.
Não concebemos nem o estado glorioso
de Adão, nem a natureza do seu pecado, nem a transmissão que dele se fez em
nós. São coisas que aconteceram no estado de uma natureza totalmente diferente
da nossa e que ultrapassam o estado de nossa capacidade presente.É inútil
sabermos dessas coisas para sair de tudo isso; e tudo que nos importa conhecer
é que somos miseráveis, corruptos, separados de Deus, mas resgatados por Jesus
Cristo; e é disso que temos prova admirável sobre a terra.
O estado glorioso de Adão nos é desconhecido,
desta maneira, o homem não conhece a si mesmo, ou seja, o seu estado verdadeiro
de homem. Ele não pode dizer nem o que é o homem nem o que ele não é, ficando
sob a tutela da contingência qualquer afirmação ou negação que se levante. A
isosthenéia seria a “melhor” resposta, ou seja, a resposta é dada sob o
olhar do provável, da contingência.
O homem, estando desprovido de uma resposta satisfatória sobre si mesmo, é visto, na ótica de Pascal, como um ser exilado de si mesmo. A procura de si está fadada ao fracasso, todavia, a procura é sinal de que existe resposta, porém, fora do alcance meramente humano. O pecado de Adão corrompeu toda humanidade e solapou qualquer possibilidade de resposta perene – não contingente – dentro das reflexões humanas.
O estado glorioso de Adão, no qual se encontra a resposta sobre quem é o homem, torna-se um mistério insondável e o homem como um ser em busca do santo graal, ou seja, Sempre contingente quanto às possibilidade encontrá-lo e, caso encontre, de reconhecê-lo.
O homem, estando desprovido de uma resposta satisfatória sobre si mesmo, é visto, na ótica de Pascal, como um ser exilado de si mesmo. A procura de si está fadada ao fracasso, todavia, a procura é sinal de que existe resposta, porém, fora do alcance meramente humano. O pecado de Adão corrompeu toda humanidade e solapou qualquer possibilidade de resposta perene – não contingente – dentro das reflexões humanas.
O estado glorioso de Adão, no qual se encontra a resposta sobre quem é o homem, torna-se um mistério insondável e o homem como um ser em busca do santo graal, ou seja, Sempre contingente quanto às possibilidade encontrá-lo e, caso encontre, de reconhecê-lo.
Portanto,
diante do exílio de seu ser verdadeiro, este, porém, apresentando-se como
mistério na antropologia teológica de Pascal, vejamos como Pascal entende o
segundo mistério.
Segundo mistério: a natureza do pecado
de Adão.
Se o estado glorioso de Adão é obscuro, isto
não acontece naquilo que diz respeito ao pecado de Adão. Sabemos qual foi seu
pecado, ou seja, sua soberba em querer ser igual ou mais do que Deus, mas qual
a “natureza de seu pecado”, ou o porquê, o motivo daquela disposição
momentânea– como ressalta Mesnard – do pecado de Adão? Ele tinha uma razão
esclarecidíssima, contemplava Deus, vivia no paraíso, tinha tudo que lhe era
necessário para viver uma vida santa, justa e feliz, sabia da grandeza de Deus,
de Seu poder e de Seu mandamento, desta maneira, volta a pergunta: O que passou
na cabeça de Adão antes do pecado e que, conseqüentemente, o fez pecar? Todas
as respostas parecem insuficientes e misteriosas para Pascal: a contingência
envolve tal fato.
Como Adão presumiu poder ser mais ou igual a Deus? Será que ele realmente acreditava em tal conquista? As perguntas aumentam em maiores proporções que as respostas, todavia, tal acontecimento pareceria ser mais um mistério que abraça o tema do pecado original e lança todas nossas respostas a uma floresta repleta de contingência. Portanto, vejamos agora o que Pascal concebe como o terceiro mistério
Como Adão presumiu poder ser mais ou igual a Deus? Será que ele realmente acreditava em tal conquista? As perguntas aumentam em maiores proporções que as respostas, todavia, tal acontecimento pareceria ser mais um mistério que abraça o tema do pecado original e lança todas nossas respostas a uma floresta repleta de contingência. Portanto, vejamos agora o que Pascal concebe como o terceiro mistério
Terceiro mistério: a transmissão do pecado.
Diante do mistério em saber o que é o homem e
o motivo do pecado de Adão, outro mistério transparece a nossos olhos: como se
dá a transmissão do pecado? Como o pecado de um só homem pode corromper toda a
humanidade e, o que parece ferir ainda mais nossa razão, como tal pecado é
capaz de corromper toda a natureza a ponto de “[...] que nada que exista na
natureza seja capaz de ocupar o seu lugar.”? E, já que a transmissão
acontece, como ela acontece? Desta maneira, Pascal declara que a transmissão
do pecado é um mistério insondável, portanto, é a contingência que permeia o
homem quanto ao mal que todos cometem depois de nascer, sendo contingente o
suficiente para fazer deste mistério algo insondável.
Panorama dos três mistérios.
Desta maneira, percebemos que Pascal postula
três mistérios no 431 dos Pensamentos, estes porém, imersos na contingência: o
primeiro, que diz respeito ao estado glorioso de Adão; o segundo, o porque ou a
“natureza” de seu pecado; o terceiro, no qual ele indaga-se sobre o modo pelo
qual se deu a transmissão do pecado. Entretanto, mesmo respondendo a todas
estas perguntas, a situação do homem continuaria a mesma; Pascal ressalta que a
resposta destas não livra o homem de sua condição presente. Sabemos que, para
Pascal, é a graça regeneradora que garantiria a libertação do homem deste estado
pós-queda.
Todas as tentativas humanas de responder estas perguntas cairiam em um mistério insondável, pois, quando aconteceram tais fatos estávamos em um estado de natureza diferente do presente, de modo que a “nossa capacidade” presente, ou seja, contingente, não permite estabilizar nenhuma resposta que se obteve afirmativamente ou negativamente. Diante destes três mistérios que envolvem nossa condição em função do pecado, vejamos se podemos medir qual é a proporção do mesmo.
Todas as tentativas humanas de responder estas perguntas cairiam em um mistério insondável, pois, quando aconteceram tais fatos estávamos em um estado de natureza diferente do presente, de modo que a “nossa capacidade” presente, ou seja, contingente, não permite estabilizar nenhuma resposta que se obteve afirmativamente ou negativamente. Diante destes três mistérios que envolvem nossa condição em função do pecado, vejamos se podemos medir qual é a proporção do mesmo.
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