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sexta-feira, 3 de maio de 2013

O HOMEM INSUFICIENTE

Comentários de antropologia pascalina.


TRECHO DO LIVRO:

“[...] A insuficiência se revela, portanto, como um conceito que, ao mesmo tempo que indica a raíz teológica do homem como ser concebido para o Sobrenatural –  princípio que recusa a natureza como conceito que dê conta do homem porque não aceita a posição ‘naturalista’ que exclui a ‘sobrenatureza’ enquanto premissa estrutural e dinâmica –, e assim nega a suficiência natural como realidade válida para o homem, é também vivido como miséria a partir do instante em que o homem abandona essa condição de insuficiência diante do mistério (insuficiência mística) pelo projeto de suficiência ‘humanista-naturalista’: trajeto conceitual da queda.

Na origem da antropologia pascaliana, a insuficiência representa essencialmente a idéia de que o conceito de natureza suficiente é inconsistente para iluminar a realidade humana. É por isso que, quando tomado como natureza, o  omem se revela desordenado.

Quando condenado a viver como se fora um ser de natureza, após a queda, revela-se insuficiente empiricamente: o homem como um agrupamento de componentes e funções não faz sistema, pois tais componentes e funções não se integram fundando uma ordem — natureza disjuntiva. Essa ausência de sistema é a raiz da insuficiência como miséria.

A manifestação empírica dessa insuficiência como ausência de sistema é a diversidade da miséria no homem exterior. Resumindo: o homem é um ser que, quando exilado do Sobrenatural, seu caráter místico-teológico insuficiente — ele não é um ser de natureza –, se degenera na multiplicidade da miséria. O que o homem interior viveria como mistério divino no exterior degenera em miséria humana. 

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