Pesquisar neste blogue

Translate/Traduzir

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

PIERRE BOUDIEU - MEDITAÇÕES PASCALINAS


“A obra analisada em sala foi Meditações Pascalianas na qual Bourdieu revisa a própria obra e critica o pensamento escolástico devido a sua construção dentro dos muros da universidade e propõe que os filósofos pensem o mundo dentro da ordem social, participativamente, e não como observadores onipotentes. Onde procurou mostrar que as relações de força entre os agentes sociais apresenta-se sempre na forma transfigurada de relações de sentido. A violência simbólica, outro tema central da sua obra, não era considerada por ele como um puro e simples instrumento ao serviço da classe dominante, mas como algo que se exerce também através do jogo entre os agentes sociais.
Um importante conceito apresentado Illusion, que é estar no jogo, estar envolvido no jogo, levar o jogo a sério; dar importância a um jogo social, perceber que o que se passa é importante para os envolvidos, para os que estão nele;
Um dos temas a Libido e Illusion, é de singular importância pois nele o autor se esforça em afirmar que são transações insensíveis, de compromisso semiconscientes e operações psicológicas (projeção, identificação, transferência e sublimação, que é a “dessexualização da pulsão instaurada em uma intersecção não-vazia entre o mundo privado e o público, este último continuamente invadindo e constituindo o primeiro” (Oliveira 2005).Diz, ainda, que nunca é possível determinar ,a rigor, quem faz a escolha se o agente ou a instituição; nunca se sabe quando o bom aluno escolhe a escola, ou se essa última o escolhe, pois tudo em sua conduta dócil evidencia o quanto ele a escolhe. E pede para que os intelectuais invistam no espaço doméstico: onde a Sociologia e a Psicologia devem se unir para analisar a gênese do investimento num campo de relações sociais. Tal ponto da apresentação foi recebido com ressalvas, uma vez que é difícil aceitar uma opinião tão radical.
A Coerção do Corpo é exercida na obscuridade das disposições dohabitus (sistema deposições duráveis, estruturas predispostas a funcionarem como estruturas estruturantes, são reguladas e regulares). Nesse ponto da apresentação houve um importante apontamento sobre a escolha da sexualidade, da imposição social de se ter filhos, e de qual carreira seguir. A Lei tenta dissimular a impossibilidade de facultar ao povo o acesso à verdade libertadora sobre a ordem social, na realidade não passa de uma forma legitimação. Os dominados contribuem aceitando tacitamente os limites impostos, tal reconhecimento assume a forma de emoção corporal, o constrangimento é demonstrado pela vergonha de não corresponder as expectativas sociais. Tratando inclusive da veneração às pessoas, às obras, às leis, aos grandes.
O autor fala em dois casos de forma muito direta: os esforços dos pais para preparar a criança negra para o destino do qual não podem protegê-la acabam por determiná-la secretamente para esperar seu castigo misterioso e inexorável; e a dominação masculina, que é espontânea e extorquida, desde que se leve em conta os efeitos duráveis exercido pela ordem social sobre as mulheres, fazendo com que a afirmação das mulheres se dê pela masculinização delas, pois ao invés das mulheres valorizarem aquilo que fazem, partem na empreitada de fazerem aquilo que é tipicamente masculino e, assim, conseguirem sua afirmação social.
Ao tratar de Poder Simbólico, Bourdieu afirma que a dominação possui sempre uma dimensão simbólica. E realmente é possível perceber isso, ao olharmos as bandeiras de alguns países que trazem armas, numa demonstração clara de que uma arma é imbuída de um valor simbólico muito maior do que os seus efeitos bélicos. E entre exemplos e debates em sala se estacaram o estereotipo de pessoas ditas bem sucedidas e seus bem, como forma de eternizar o poder.
Explicou que é natural que um atue sobre o outro e vice-versa, que a comunicação e compreensão mútuas possam se estabelecer entre eles através de signos e símbolos no âmbito de uma organização e de instituições que não são obras de nenhum dos dois. Que do ponto de vista dos que dominam o estado, e por meio dele, fazem de seu ponto de vista o ponto de vista universal, ao cabo de lutas contra visões concorrentes. O Estado orquestra os hábitos a torná-los senso comum: calendário social, feriados, férias escolares, divisão do mundo universitário em disciplinas - limitando e mutilando as práticas e representações;
Apesar da densidade do texto e da inexperiência do grupo, a participação do restante da turma rendeu boas discussões a respeito da apresentação, chegando a conclusão de que não adianta querer atacar a dominação através das armas ou de qualquer outra forma radical mas, sim, com a transformação de cada indivíduo da percepção que é feita do mundo. De tal sorte que a evolução dessa recriação de informações nos leve a um nível mais justo de hábitos.”
Autores: Alexandre Melo e Vagner Maciel
A maior baixeza é a busca da glória.

Sem comentários: