“A
obra analisada em sala foi Meditações Pascalianas na qual Bourdieu revisa a
própria obra e critica o pensamento escolástico devido a sua construção dentro
dos muros da universidade e propõe que os filósofos pensem o mundo dentro da
ordem social, participativamente, e não como observadores onipotentes. Onde
procurou mostrar que as relações de força entre os agentes sociais apresenta-se
sempre na forma transfigurada de relações de sentido. A violência simbólica,
outro tema central da sua obra, não era considerada por ele como um puro e
simples instrumento ao serviço da classe dominante, mas como algo que se exerce
também através do jogo entre os agentes sociais.
Um
importante conceito apresentado Illusion, que é estar no jogo, estar
envolvido no jogo, levar o jogo a sério; dar importância a um jogo social,
perceber que o que se passa é importante para os envolvidos, para os que estão
nele;
Um
dos temas a Libido e Illusion, é de singular importância pois nele o autor
se esforça em afirmar que são transações insensíveis, de compromisso
semiconscientes e operações psicológicas (projeção, identificação,
transferência e sublimação, que é a “dessexualização da pulsão instaurada em
uma intersecção não-vazia entre o mundo privado e o público, este último
continuamente invadindo e constituindo o primeiro” (Oliveira 2005).Diz, ainda,
que nunca é possível determinar ,a rigor, quem faz a escolha se o agente ou a
instituição; nunca se sabe quando o bom aluno escolhe a escola, ou se essa última
o escolhe, pois tudo em sua conduta dócil evidencia o quanto ele a escolhe. E
pede para que os intelectuais invistam no espaço doméstico: onde a Sociologia e
a Psicologia devem se unir para analisar a gênese do investimento num campo de
relações sociais. Tal ponto da apresentação foi recebido com ressalvas, uma vez
que é difícil aceitar uma opinião tão radical.
A
Coerção do Corpo é exercida na obscuridade das disposições dohabitus (sistema
deposições duráveis, estruturas predispostas a funcionarem como estruturas
estruturantes, são reguladas e regulares). Nesse ponto da apresentação houve um
importante apontamento sobre a escolha da sexualidade, da imposição social de
se ter filhos, e de qual carreira seguir. A Lei tenta dissimular a
impossibilidade de facultar ao povo o acesso à verdade libertadora sobre a
ordem social, na realidade não passa de uma forma legitimação. Os dominados
contribuem aceitando tacitamente os limites impostos, tal reconhecimento assume
a forma de emoção corporal, o constrangimento é demonstrado pela vergonha de
não corresponder as expectativas sociais. Tratando inclusive da veneração às
pessoas, às obras, às leis, aos grandes.
O
autor fala em dois casos de forma muito direta: os esforços dos pais para
preparar a criança negra para o destino do qual não podem protegê-la acabam por
determiná-la secretamente para esperar seu castigo misterioso e inexorável; e a
dominação masculina, que é espontânea e extorquida, desde
que se leve em conta os efeitos duráveis exercido pela ordem social sobre as
mulheres, fazendo com que a afirmação das mulheres se dê pela masculinização
delas, pois ao invés das mulheres valorizarem aquilo que fazem, partem na
empreitada de fazerem aquilo que é tipicamente masculino e, assim, conseguirem
sua afirmação social.
Ao
tratar de Poder Simbólico, Bourdieu afirma que a dominação possui sempre uma
dimensão simbólica. E realmente é possível perceber isso, ao olharmos as
bandeiras de alguns países que trazem armas, numa demonstração clara de que uma
arma é imbuída de um valor simbólico muito maior do que os seus efeitos
bélicos. E entre exemplos e debates em sala se estacaram o estereotipo de
pessoas ditas bem sucedidas e seus bem, como forma de eternizar o poder.
Explicou
que é natural que um atue sobre o outro e vice-versa, que a comunicação e
compreensão mútuas possam se estabelecer entre eles através de signos e
símbolos no âmbito de uma organização e de instituições que não são obras de
nenhum dos dois. Que do ponto de vista dos que dominam o estado, e por meio
dele, fazem de seu ponto de vista o ponto de vista universal, ao cabo de lutas
contra visões concorrentes. O Estado orquestra os hábitos a torná-los
senso comum: calendário social, feriados, férias escolares, divisão do mundo
universitário em disciplinas - limitando e mutilando as práticas e
representações;
Apesar
da densidade do texto e da inexperiência do grupo, a participação do restante
da turma rendeu boas discussões a respeito da apresentação, chegando a
conclusão de que não adianta querer atacar a dominação através das armas ou de
qualquer outra forma radical mas, sim, com a transformação de cada indivíduo da
percepção que é feita do mundo. De tal sorte que a evolução dessa recriação de
informações nos leve a um nível mais justo de hábitos.”
Autores: Alexandre Melo e Vagner Maciel
A
maior baixeza é a busca da glória.