Vendo a cegueira e a
miséria do homem (e essas contrariedades espantosas que se descobrem em sua
natureza), observando todo o universo mudo, e o homem sem luz, abandonado a si
mesmo, e como que perdido neste recanto do universo, sem saber quem o pôs aqui,
o que veio aqui fazer, o que se tornará ao morrer, incapaz de qualquer
conhecimento, eu princípio a ter medo como um homem que tivesse sido levado
dormindo para uma ilha deserta e medonha e que despertasse sem saber onde está
e sem meios de escapar. E, sobre isso, admiro como não se entra em desespero
por tão miserável estado. Vejo outras pessoas perto de mim com semelhante
natureza: pergunto-lhes se são mais instruídas do que eu e me dizem que não: e,
sobre isso, esses miseráveis perdidos, tendo olhado ao redor e visto alguns
objetos agradáveis, a eles se entregaram e se ligaram. Quanto a mim, não pude
entregar-me nem ligar-me e, considerando quanta aparência há de que existe
outra coisa além do que vejo, tratei de descobrir se esse Deus não teria
deixado algum sinal de si.
" O homem não passa de um caniço, o mais fraco da natureza. Mas é um caniço pensante. Não é preciso que o universo inteiro se arme para esmagá-lo: um vapor, uma gota, de água, bastam para matá-lo. Mas, mesmo que o universo o esmagasse, o homem seria mais nobre do que quem o mata, porque sabe que morre e a vantagem que o universo tem sobre ele; o universo desconhece tudo isso"
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