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segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

PARADOXOS DA CONDIÇÃO HUMANA: Grandeza e Miséria Humana como Paradoxo Fundamental na filosofia de Blaise Pascal.

Apresentação da Dissertação



AGRADECIMENTOS:
Agradeço a Deus por mais essa oportunidade de estar realizando mais esse sonho, aos meus pais que não estão mais entre nós, mas, devem estar orgulhosos de mim, a CAPES, que financiou minha bolsa de estudos, a PUC e a todos os colegas e professores, e especialmente ao meu orientador que me abriu as portas aqui na PUC, ao professor Edênico que esteve na minha qualificação e está aqui de novo, ao professor Andrei que se disponibilizou em participar dessa banca, aos professores suplentes Ênio Silva e Ivinil Parraz, e o professor Queiroz e a todos vocês que estão aqui presentes.   

TEMA:
Ø  PARADOXOS DA CONDIÇÃO HUMANA: Grandeza e Miséria Humana como Paradoxo Fundamental na filosofia de Blaise Pascal.

OBJETIVO GERAL:
Ø  Investigar e analisar a concepção existencial do homem paradoxal presente na obra Pensamentos de Blaise Pascal.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Ø  Investigar os precursores filosóficos e teológicos do conceito de natureza humana e a gênese da visão antropológica do homem pascaliano;
Ø   Analisar os estados da natureza humana “antes e depois da queda” e os efeitos da herança do pecado adâmico;
Ø  Analisar a condição paradoxal do homem, entre miséria e grandeza como problema da fundamentação do conhecimento humano;
Ø   Analisar as dimensões do conhecimento humano em Pascal e os paradoxos que fazem do eu um ser dividido entre miséria e grandeza;
Ø    Analisar os efeitos imaginação, do divertimento e da angustia na filosofia de Pascal.

PROBLEMA DE PESQUISA
Ø   Até que ponto legado filosófico e teológico pascaliano sobre a condição paradoxal do homem, revela-se atual nos dias de hoje.   

HPOTESE:
Ø    Partindo do pressuposto teológico (pecado original) e, consequentemente a queda, analisar a concepção antropológica paradoxal do homem pascaliano, visando corroborar a tese de Pascal segundo a qual “a grandeza do homem é grande por ele conhecer-se miserável [...] É então ser miserável conhecer (-se) miserável, mas é ser grande conhecer que se é miserável”.  

ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO
  
CAPÍTULO – I
Do pensamento de Blaise pascal
gênese – afirmação – reconhecimento:
Ø  Caráter introdutório e biográfico de Pascal, onde ilustramos três momentos distintos na formação do seu pensamento: a gênese, a afirmação e o reconhecimento da obra de e a repercussão do seu legado.

CAPÍTULO II
Precursores filosóficos e teológicos da concepção da natureza humana em Blaise pascal
Ø  Estudamos os precursores filosóficos e teológicos da concepção de natureza humana e enfatizamos algumas controvérsias em torno de vários conceitos, que mais tarde Pascal viria a incluir no seu pensamento.



Ø  Analisamos as bases teóricas para a compreensão do homem pascaliano, através do estudo antropológico, relacionando assim as duas antropologias com os dois estados de natureza humana (antes de depois da queda) para que pudéssemos fundamentar o conhecimento do homem em suas múltiplas dimensões, como ser natural e racionalmente limitado, e melhor compreender os paradoxos humanos.

CAPÍTULO IV
Grandeza e miséria como paradoxo fundamental na filosofia de Pascal

Ø  Analisamos os conceitos de grandeza e miséria como argumento antropológico em Pascal que, “começa com a observação: os seres humanos exibem qualidades de grandeza e miséria”. Essa premissa norteou nossa investigação e nos permitiu confirmar à luz do pensamento pascaliano e de outros scholars, a hipótese inicial.

CAPÍTULO – V
Ø  Nosso foco foi a epistemologia e a psicologia pascalianas, uma vez que, existe entre elas uma relação estreita. Ambas são marcadas por traços de insuficiência, desproporção e miséria existencial, observáveis empiricamente a partir do momento em que o homem passa a constatar sua verdadeira natureza.

1. Do pensamento de Blaise pascal gênese – afirmação – reconhecimento

Numa breve apresentação de Pascal Bem Rogers Afirma que:
Sabemos pouco e paradoxalmente sabemos muito sobre Pascal. Primeiro porque não escreveu sobre si mesmo, entretanto sabemos muito porque seus escritos sobre a natureza humana, a sociedade e a salvação dizem muito sobre ele.

Blaise Pascal (1623-1662) considerado como sendo gênio da ciência, (matemático, físico), filósofo, teólogo, gênio da literatura universal, defensor do cristianismo, polemista mordaz. Em muitos aspectos pode ser considerado o homem mais representativo da França. Jacques Attali ousa afirmar que:
 O que Platão é para Grécia, Dante para Itália, Cervantes ou Santa Teresa para a Espanha, Shakespeare para Grã-Bretanha, Pascal é para a França.

Mas não foi fácil chegar a esse patamar, primeiro censurado, depois negligenciado, para depois ser admirado e objeto de culto. Embora tenha tido uma vida breve, soube justificar sua existência. De criança prodígio a gênio, não foi preciso muito tempo, mas, tudo foi à custa de um corpo débil que após vários trabalhos ligados à ciência retomou o caminho da religião. Não há dúvidas que Pascal, foi realente um apologeta, que soube compreender o drama de sua época e a tragédia vivida pelos homens. Sua apologia propõe métodos e conteúdos atuais, porque dirige diretamente ao coração do homem, lá onde cada um sente amado e provocado.   

2. Precursores filosóficos e teológicos da concepção da natureza humana em Pascal

Ao investigarmos sobre a natureza humana em Pascal, quando traçamos um paralelo com outros pensadores é inegável que se tenha ora aproximado, ora afastada dos mesmos, como forma de fundamentar sua própria concepção. Ele organiza seu pensamento em torno de questões que já haviam sido tratados por Santo Agostinho. Acabamos observando que as posições assumidas posteriormente acabam corroborando as teses que emergiram da controvérsia entre Agostinho e Pelágio. De entre esses pensadores investigados, o que mais próximo de Pascal, é Descartes, a quem conheceu pessoalmente (1647), mas, como ficou expresso, o clima reinante entre os dois não era propriamente de amizade. Pascal, muitas vezes critica seu contemporâneo, chegando mesmo a apelida-lo de inútil e incerto.
Porém, suas contribuições e as dos outros pensadores, foram determinantes, uma vez que, Pascal, por experiência sabe que não se deve descartar o contraditório. É por isso que o homem pode viver com suas contrariedades, suas fraquezas e grandezas, sua fé e sua razão, sua suficiência e sua insuficiência. Assim concluímos que, a natureza humana em Pascal é marcada pela inconstância, diversidade, relatividade, contingência, paradoxo e desproporção. O homem parece estar suspenso entre o nada e o supremo: muito mais que o nada, muito menos que o supremo, (ser do meio) suas realizações parecem conduzi-lo ao nada ou a transcendência.

3. Concepção antropológica do homem pascaliano

Seguramente, a antropologia pascaliana tem raízes na interpretação bíblica, em torno do pecado original[1], da queda, do livre-arbítrio e da graça. Ele funda um campo antropológico da INSUFICIENCIA humana, partindo de uma questão teológica (abstrata), para chegar ao aspecto psicológico, social, político, epistemológico e mesmo ontológico da insuficiência. 
Nesse aspecto a interpretação das três ordens desempenha um papel fundamental na compreensão da antropologia existencialista pascaliana, na medida em que nos ajuda a entender melhor a verdadeira situação do homem após a queda e a relacionar as três concupiscências (carne, olhos e orgulho) com as três ordens das coisas (carne, espírito e vontade) para melhor distinguir os três tipos de homens (carnais, curiosos e sábios).
Entre essas três ordens não há possibilidades comunicação, tendo em conta as suas naturezas disjuntivas. Para André Comte Sponville, “Pascal é o filósofo que separa as ordens, e por isso sua filosofia é trágica.” Uma coisa é certa, Pascal, está convicto que, depois da queda o espírito humano perdeu o poder de discernir a verdade, inclusive no campo religioso.   


Como foi referido o argumento antropológico de Pascal começa com a seguinte observação: os seres humanos exibem qualidades ou traços de grandeza e de infinitas misérias. Para Robert Velarde:

Esse argumento é atraente, porque começa com uma observação da natureza humana, em vez de um argumento à existência de Deus, a confiabilidade na Bíblia, a validade da crença na ressurreição de Cristo.

Em nossa opinião, a formulação desse argumento teve como precursores dois filósofos: Epiteto e Montaigne, cada um representando uma corrente filosófica, o Estoicismo e o Ceticismo, (análise unilateral do homem). Mas, nem um, nem outro estava certo, uma vez que segundo Pascal, a verdadeira condição do homem, só pode estar na conjugação dessas duas posições sobre o homem. Segundo Peter Kreeft.  

 Os filósofos não deveriam ser divididos em “otimistas” e “pessimistas” ou em filósofos da grandeza e miséria, mas em “paradoxicalists” e “nonparadoxicalists”. Paradoxicalists são filósofos como Pascal que tem uma visão aberta para ver em ambas as direções. Ver para o homem com ambos os olhos abertos.  Muitos filósofos são unidimensionais (nomparadoxicalists) porque cobrem um dos olhos.
Segundo Pascal, o homem vive uma situação paradoxal marcada por traços de grandeza e miséria. No plano interno, ela reflete-se na luta entre a razão e as paixões; no plano externo entre o homem e a natureza. Apesar de viver constantemente em guerra consigo mesmo e com os outros, o homem ambiciona o amor e a estima dos outros. De acordo com Franklin L. e Silva
Isso acontece porque a contradição está presente na natureza humana. Existe em nós uma grandeza, (origem divina) e uma miséria, (pecado original), e fora dessa contradição constitutiva de nós mesmos, não há conhecimento possível.

É por isso que é perigoso demonstrar ao homem sua miséria sem lhe mostrar a sua grandeza. E é também perigoso mostrar-lhe demais a sua grandeza sem a sua miséria. É mais perigoso ainda deixá-lo ignorar uma e outra coisa, mas é vantajosíssimo apresentar-lhe uma e outra.


É incontestável para nós que exista uma relação estreita entre a epistemologia e a psicologia pascaliana, uma vez que, na sua epistemologia, não existe uma “razão suficiente” como queria Descartes. A razão humana segundo Pondé é reclusa de um “provincianismo cognitivo”. Peter Kreeft afirma que:

Ela não é inválida, mas é fraca, Ela é como a visão humana: somente uma estreita faixa de uma cor é visível para ela. Todos os extremos são invisíveis para os olhos e incompreensíveis para a razão.

Entretanto, ao perceber sua condição insuficiente, nada mais lhe resta a não ser apelar à imaginação, como forma de superar suas barreiras cognitivas, mas, a imaginação, nada mais é do que a superpotência enganadora da razão. Sozinho, infeliz, incapaz de transcender sua condição miserável, o homem cai no tédio, após várias tentativas de fuga se si mesmo através do divertimento. 
Finalizando, não temos dúvida que nossos objetivos foram atingidos e nossa hipótese corroborada por várias passagens ao longo da dissertação que traz a tona, a tragicidade com que Pascal analisa o destino do homem pela arrogância de querer igualar-se a Deus, pela finitude diante da infinitude e da atemporalidade do seu Criador, pela sua miserabilidade existencial, pela pigmeização diante de um universo grandioso, pela incapacidade racional de ordenar e conhecer tudo o que o rodeia e o transcende e pela infinita procura do lugar perdido, enfim, tudo no homem, parece começar e terminar com “gemidos” de dor e de desespero.



PARA ACESSAR A DISSERTAÇÃO NA INTEGRA, CLIQUE AQUI: 





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[1] O conceito teológico de “pecado original” apoia em várias passagens das Escrituras: a Epístola de Paulo aos Romanos (5:12-21) e aos Coríntios (1 Co 15:22), e uma passagem do Salmo 51, Pascal fará a distinção entre os dois estados do homem “antes e depois do pecado”.