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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A EXISTÊNCIA HUMANA


A existência humana nesta terra, para Pascal, é paradoxal, uma vez que muda de condição e de qualidade se é colocada em dois extremos opostos. Existe um dualismo presente em todas as coisas. 
Nos pensamentos de Pascal a condição humana é colocada em relação: ele tanto pode ser como não ser. O tema de dois extremos opostos aparece em várias passagens dos Pensamentos. Analisando a desproporção do Homem Pascal diz:
" O homem é nada em relação ao infinito, tudo em relação ao nada."
Para Pascal, o Homem é um ponto intermediário entre o tudo e o nada -, ponto este não linear, mas pertencente à estrutura interna, psicológica do Homem. Para Pascal, é impossível ao Homem conhecer a verdade, pois esta exige o conhecimento dos dois extremos.
Para Pascal, somente em Deus os dois extremos se unem, convergem, como num círculo. Porém para conhecer Deus, o Homem deve primeiro saber-se nada. Sabendo-se nada, tornam-se tudo. È este o segredo que o fino moralismo de Pascal guarda, o de que, ao livrar-se da sua máscara que a arrogância, o amor e o ódio ao eu produzem, o Homem consegue achar a solução para a tensão entre os dois contrários. Mas Deus não é conhecido pela razão. O espírito geométrico não ocupa a totalidade do espírito, o sentimento, com efeito, é mais presente do que o raciocínio.
O coração, diz Pascal, tem razões que a própria razão desconhece, e é ele quem permite perceber a conciliação enter os dois infinitos.
Pascal aponta a debilidade da razão: mesmo na geometria, o axioma é uma verdade intuitiva e indemonstrável, ou seja, tão clara que é o coração que a conhece.
(Pascal, pensamento 383)