A existência
humana nesta terra, para Pascal, é paradoxal, uma vez que muda de condição e de
qualidade se é colocada em dois extremos opostos. Existe um dualismo presente
em todas as coisas.
Nos pensamentos de
Pascal a condição humana é colocada em relação: ele tanto pode ser como não
ser. O tema de dois extremos opostos aparece em várias passagens dos Pensamentos.
Analisando a desproporção do Homem Pascal diz:
" O homem é
nada em relação ao infinito, tudo em relação ao nada."
Para Pascal, o
Homem é um ponto intermediário entre o tudo e o nada -, ponto este não linear,
mas pertencente à estrutura interna, psicológica do Homem. Para Pascal, é
impossível ao Homem conhecer a verdade, pois esta exige o conhecimento dos dois
extremos.
Para Pascal,
somente em Deus os dois extremos se unem, convergem, como num círculo. Porém
para conhecer Deus, o Homem deve primeiro saber-se nada. Sabendo-se nada, tornam-se
tudo. È este o segredo que o fino moralismo de Pascal guarda, o de que, ao
livrar-se da sua máscara que a arrogância, o amor e o ódio ao eu produzem, o
Homem consegue achar a solução para a tensão entre os dois contrários. Mas Deus
não é conhecido pela razão. O espírito geométrico não ocupa a totalidade do
espírito, o sentimento, com efeito, é mais presente do que o raciocínio.
O coração, diz
Pascal, tem razões que a própria razão desconhece, e é ele quem permite
perceber a conciliação enter os dois infinitos.
Pascal aponta a
debilidade da razão: mesmo na geometria, o axioma é uma verdade intuitiva e
indemonstrável, ou seja, tão clara que é o coração que a conhece.
(Pascal, pensamento 383)